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O que acontece se o Brasil retaliar a tarifa dos EUA?

Tarifa de 50% sobre produtos brasileiros começa a valer em 1º de agosto, segundo carta enviada por Trump ao governo Lula. Trump anuncia taxa de 50% ao Brasil ...

O que acontece se o Brasil retaliar a tarifa dos EUA?
O que acontece se o Brasil retaliar a tarifa dos EUA? (Foto: Reprodução)

Tarifa de 50% sobre produtos brasileiros começa a valer em 1º de agosto, segundo carta enviada por Trump ao governo Lula. Trump anuncia taxa de 50% ao Brasil A imposição de uma nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos tende a agravar ainda mais as relações comerciais entre os dois países. A nova taxa deverá entrar em vigor em 1º de agosto. A medida anunciada pelo presidente Donald Trump nesta quarta-feira (9), que mistura alegações comerciais e políticas para justificar as taxas, pode impactar diretamente a competitividade das exportações brasileiras no mercado americano e traz um alerta claro: se o Brasil reagir elevando suas próprias tarifas, os EUA aumentarão ainda mais as taxas sobre produtos brasileiros. Na prática, caso o Brasil opte por elevar suas tarifas sobre produtos americanos como forma de retaliação, os Estados Unidos acrescentarão esse percentual aos 50% já previstos. 🔍 Isso significa que, quanto mais o Brasil aumentar suas tarifas, mais elevadas serão as taxas impostas pelos EUA, criando uma espécie de “escada tarifária”. Por outro lado, Trump sugeriu que a tarifa poderia ser reduzida caso o Brasil abrisse seus mercados e eliminasse tarifas e barreiras comerciais. O anúncio dos EUA foi recebido com espanto por especialistas no Brasil e no mundo, que classificaram a decisão como político-ideológica. "Não seria a primeira vez que os Estados Unidos usam a política tarifária para fins políticos", disse o economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel. "[Trump] mencionou recentemente a iminente condenação do [ex-presidente Jair] Bolsonaro", afirmou o ex-presidente do Banco Central Alexandre Schwartsman à GloboNews. Bolsonaro passa por julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Entidades da indústria e da agropecuária brasileira manifestaram preocupação com o anúncio e disseram que as taxas ameaçam empregos. A Confederação Nacional da Indústria, por exemplo, afirmou que não há qualquer fato econômico que justifique uma medida desse tamanho. Trump também afirmou que empresas brasileiras poderiam evitar a tarifa ao fabricar seus produtos diretamente nos Estados Unidos, prometendo agilizar os processos para viabilizar essa iniciativa. O presidente americano ressaltou que a tarifa de 50% é "inferior ao necessário" para equilibrar o comércio entre os países e que esse percentual poderia ser ajustado de acordo com a postura adotada pelo Brasil. O que diz a carta Na carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump justificou a medida alegando que o Brasil mantinha tarifas e barreiras comerciais consideradas injustas, gerando um déficit comercial insustentável para os Estados Unidos, o qual, segundo ele, comprometia a economia e a segurança nacional do país. Apesar do argumento, dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que o Brasil tem registrado déficits comerciais seguidos com os EUA desde 2009 — ou seja, há 16 anos. Ao longo desse período, as vendas americanas ao Brasil superaram suas importações em US$ 88,61 bilhões (equivalente a R$ 484 bilhões na cotação atual). Leia mais aqui. Trump também mencionou o ex-presidente Bolsonaro e classificou como “uma vergonha internacional” o julgamento do ex-mandatário no Supremo Tribunal Federal (STF), utilizando esse argumento para justificar o aumento da tarifa sobre o Brasil. O republicano afirmou ainda, sem provas, que a decisão foi tomada "em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos". Leia a carta de Trump na íntegra. Veja ainda Tarifaço de Trump: chineses mostram suposto segredo de produtos de luxo no TikTok Lula dá entrevista a jornalistas após a Cúpula do Brics Pablo Porciuncula/AFP